segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

[Crônica/Mangá] One Piece e a capacidade de conquistar fãs


Por Guilherme César


Por muito tempo me recusei a ler/assistir One Piece. Primeiro por preconceito com os traços e a estética dos personagens, depois por pura birra pela grande popularidade (adolescência é um período ridículo) e depois simplesmente por achar muito difícil chegar ao ponto atual do enredo, afinal hoje o anime conta com mais de 900 episódios e o mangá com mais de 1000 capítulos lançados. Como arranjar tempo o suficiente para embarcar numa obra tão popular sem riscos de tomar spoilers gigantescos no percurso? Um feito sem dúvidas quase impossível, mesmo com o incentivo de vários amigos fãs da história.


Contudo, nesse início de 2021 fui tomado pela crescente curiosidade pela história, depois de ser bombardeado tantas vezes pelos relatos apaixonados dos meus amigos, então reunindo toda a minha coragem, no dia 18 de Janeiro resolvi iniciar a minha jornada, lendo o mangá. Optei por ler por sabia que conseguiria fazê-lo de forma mais rápida e assim seria mais fácil (ainda que sendo um longo caminho) de chegar na zona segura dos capítulos semanais e me ver livre de spoilers, para então poder assistir ao anime de forma lenta e tranquila, sem me preocupar. Nisso, me estipulei um prazo de um mês para ler os 1004 capítulos lançados do mangá, que correspondem a 98 volumes atualmente. 



Abri mão de qualquer preconceito ou preguiça e separei um pequeno período dos meus dias para ler um pouco, sempre com uma pequena meta diária para cumprir. E não demorou muito para que eu me apaixonasse pela obra e por seus personagens e como um leitor voraz, não consegui parar de ler.


Mas então, do que se trata? 

One Piece é uma obra japonesa de mangá e anime que conta a história de Monkey D. Luffy, um jovem que sonha conquistar os mares e se tornar o Rei dos Piratas. Com quase 25 da primeira publicação, Luffy e seu bando já conquistaram o coração de muitas pessoas por todo o mundo e é o mangá mais aclamado do Japão, ficando por muito tempo no topo das listas de vendas. E o sucesso, ao meu ver, se dá pela grandeza dos seus personagens, pois foi isso que me prendeu.


O mundo de One Piece é extremamente vasto, como citado diversas vezes na narrativa. Cada ilha, cada arco, cada período nos apresenta uma ganha assustadora de personagens, com várias raças, sempre esteticamente únicos e com um enredo que não se preocupa em dar algumas voltas para apresentar cada um daqueles que surgem no caminho de Luffy e seu bando. A começar pelos próprios componentes do grupo do Chapéu de Palha, onde fica difícil não se apegar a eles, todos muito bem desenvolvidos e cativantes. Até agora não consegui escolher meu favorito, tamanho o apego por cada um deles (até pelo Usopp que por muito tempo me irritou), todos são extremamente carismáticos, tal como o protagonista. 


Sem contar com a densidade da narrativa, que mesmo apresentando poucas mortes, consegue trazer peso para cada história, mostrando o quanto o mundo vasto da série tem sofrimento, tragédia, mas também esperança. Obviamente, One Piece segue os clichês dos shonen, mas é justamente pela variedade de cenários e de raças somadas ao carisma dos personagens que deixa a história tão boa de acompanhar. Ainda que saber que é algo tão longo e que tem tudo para render mais muitos anos possa surgir como um obstáculo para os curiosos. Principalmente pelo início lento de cada arco, que se permite apresentar as novas ilhas e todo o plano de fundo antes de ir diretamente para as aguardadas e frenéticas batalhas. Eiichiro Oda, a mente por trás de One Piece, não se preocupa em gastar um tempo para nos apresentar os novos personagens e se aprofundar neles até que tenhamos apego pelos mesmo, fazendo com que mesmo que não sejam do grupo principal, ainda assim nos importamos com cada novo indivíduo que surge. Até mesmo os vilões (muito bem construídos) despertam nosso interesse, nosso amor e nosso ódio. E a cada arco os desafios parecem maiores e o crescimento dos nossos queridos personagens se faz visível. 


Então, ainda que envolto nos clichês básicos dos shonen e com muitos episódios que podem cansar quem deseja maratonar, One Piece consegue ser um tesouro em meio ao oceano de produções da atualidade e hoje, totalmente desarmado dos meus preconceitos, posso afirmar que me apaixonei pela trama. Após 28 dias de leitura me vejo encantado e empolgado com as aventuras do bando do Chapéu de Palha, já ansioso para que ele conquiste seu sonho e se torne o Rei dos Piratas, e no meio da jornada chute as bundas de alguns babacas que tanto causam sofrimento naquele mundo. 


Se você tem algum preconceito com a obra, assim como eu tive no passado, aconselho que supere e se arrisque, pois tem grandes chances de ao embarcar no Thousand Sunny e compartilhar das aventuras de Luffy e sua turma, você não consiga mais querer abandonar essa história. Hoje, me vejo endossando o coro, pois realmente vale a pena.






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