[Análise] The Walking Dead – 6x16: A Season Finale de explodir cabeças

Por Guilherme César

Texto de análise você já sabe, vai vir recheado de spoilers (da série e da HQ- e mesmo que eu queira, desta vez não dá para segurar. Então se não assistiu ao episódio de ontem, –domingo 03/04) cuidado!

A expectativa estava em alta para este episódio, TWD vinha de episódios sensacionais, indo para medianos e fracos, tudo para se preparar para o gran finale. E ele veio. No episodio 16 desta sexta temporada, finalmente o novo (e fodastico) vilão iria aparecer. Sites de notícias fomentavam as discussões sobre Negan e não tinha nenhum fã que não estivesse louco para sua chegada.

Na HQ, Negan chegou de forma avassaladora, num dos capítulos mais icônicos dos quadrinhos. Com sua chegada veio a morte do então mais querido personagem, Glenn, que estava junto dos leitores desde os primeiros capítulos. Sendo ele tão antigo nos quadrinhos quanto Rick e Carl. Lembro-me bem da minha reação quando li este capítulo em questão. O choque foi imenso e o ódio que senti do Negan superou o de todos os vilões que já havia visto. Psicótico, brutal e extremamente imprevisível, essa seria a descrição mais básica deste que pode ter sido o vilão mais badass da HQ.

Os fãs já aguardavam a morte de alguém, os atores haviam antecipado que o episódio seria insano, restava assistir e tirar suas próprias conclusões.  Desde o primeiro momento do episódio, tudo ali pareceu uma grande despedida. A preparação dos Survivors (grupo do Rick, assim chamado na HQ) para levar Maggie até Hilltop deixou aquele gostinho amargo e a sensação de que alguém não iria voltar. Falando em Maggie, a maneira com que colocaram sua ida até o “Alto do Morro” foi bem mais convincente na série. Na HQ ela decide, junto de Glenn, ir com Sophia (na série substituída por Enid) morar na nova comunidade, onde teria um médico a sua disposição e mais tranquilidade para sua gravidez. Na TV tudo pareceu mais plausível, afinal o risco eminente dela perder o bebê foi uma ótima motivação para tirar todos os personagens do núcleo principal e fazê-los ir em direção ao encontro com o vilão. A determinação de Rick e seu grupo em levar Maggie em segurança até Alto do Morro foi muito bonita, demonstrou o quão fortes são os laços dos personagens e sua busca pela esperança que uma criança trás. De certa forma, o retorno do lado protetor de Rick conseguiu trazer a tona novamente seu lado humano, que tinha desaparecido nessa season.

Em relação ao Rick, o ponto central do episodio foi a sua descaracterização. Ver o grande e corajoso líder de Alexandria ir perdendo sua força ao longo do episódio só ressaltou o quão poderoso é Negan, mostrando para os Survivors e para os telespectadores que agora nossos personagens confrontarão um desafio que não podem contornar. Literalmente, contornar. Muitos podem achar as cenas da estrada ruins, onde o grupo de Rick passa um longo tempo mudando de rota para chegar a Hilltop e sempre se veem de frente para o grupo dos Salvadores bloqueando a estrada. Isso demonstrou que o grupo de Negan é imenso (calculo mais de 60 homens, fácil, sendo que já foram mortos na série uns 30 ou mais) e muito bem organizado. Sem falar que esse jogo de gato e rato foi uma das maneiras mais criativas de humilhar e inferiorizar o grupo do Rick. Mostrou que não importaria o que tentassem, o destino deles seria o mesmo, os Salvadores são mais perigosos que se pensava e algo de muito ruim estava à frente.

Paralelamente ao arco principal tivemos o arco de Carol/Morgan, que tem sido a maior zebra desta temporada. A mudança de Carol, passando do status de implacável para arrependida foi, no mínimo, surpreendente (para não dizer revoltante). Tudo bem, ela está arrependida de seus pecados e a morte de Sam (que podemos colocar como sendo boa parte culpa dela) a afetou de um modo inesperado. Penso que este possa ser o declínio da personagem, que a levará, ou para uma morte trágica, ou para uma ascensão totalmente transformada. Desde o momento que Micchome e Rick se tornaram um casal, comecei a me questionar sobre quem faria o elo entre Alexandria e o Reino. Na HQ, este papel é feito principalmente por Micchome, que se envolve com o líder da comunidade, o carismático Ezequiel. Comecei a pensar em duas teorias, ou Carol iria assumir o papel de Michome como Best Friend de Rick, e se envolveria com Ezequiel, deixando Michome com o papel da Andrea das HQs, ou então Morgan iria se envolver com uma versão feminina de Ezequiel. Visto que na HQ tínhamos o Douglas, como líder de Alexandria e na série foi trocado para Deanna, não acho a possibilidade da mudança de gênero tão absurda, seria até bastante legal.

Neste episódio minha teoria ganhou força, ao vermos o encontro entre Morgan e Carol com dois “cavaleiros” do Reino. Na nova comunidade, seus habitantes tratam Ezequiel como um rei e sua característica marcante é o fato deles usarem uma espécie de armadura (idêntica à mostrada na série, sendo usada pelos dois novos personagens) e pelo fato de andarem à cavalo. O Reino é uma comunidade pacífica e também refém de Negan, tornando-se uma grande aliada de Alexandria.

Para mim, no momento atual da personagem, Carol só se envolverá com Ezequiel se ocorrer uma grande mudança de pensamento e sua personalidade se estabilizar. E creio que se ela vier a morrer, será por suicídio. Robert Kirkman já disse que Carol não será MORTA na série, o que não impede dela se matar, como na HQ. Se tratando de Carol e Morgan, creio que um dos dois irá morrer em breve, para que o outro ganhe bastante destaque na próxima temporada. E sinceramente, não sei optar em qual seria o melhor para sobreviver. Ambos passaram por momentos controversos e mudaram muito, foram opostos e agora se arriscam a inverter a personalidade. Por mais que os fãs odeiem a filosofia do Morgan, creio que ele tem sido muito útil para nos mostrar que certas escolhas dos Survivors têm os aproximado dos monstros que tentam combater. Uma coisa eu tenho certeza, seja qual dos dois que vá morrer, sua morte transformará definitivamente o outro. O que pode dar um up nos personagens em questão.

Voltando ao arco principal, com a chegada das últimas partes dos episódios tivemos a tensão aumentando gradualmente até chegar num ponto sufocante. Os Survivors encurralados e o plano de Eugene foram para mim pontos altos. A cena da despedida de Eugene me fez sentir que ele poderia morrer e espero que isso não ocorra. Seu personagem tem muito a crescer na HQ e é sem dúvida de extrema importância para a guerra que está por vir. Quando ele e Abraham se despedem foi inevitável não pensar também na morte de Abraham que foi desenhada tão perfeitamente nesta temporada. Ao meu ver, os produtores preferiram matar Denise no lugar de Abraham (que morre na HQ com a flechada de Dwight) para poder trabalhar melhor o personagem para sua morte. Nesse episódio ficou claro que o ruivo não vai longe e isso o coloca como um forte candidato a alvo de Lucille. Se for o caso, creio que não será de todo o ruim, embora a morte de Glenn ou Daryl fosse muito mais impactante. Se Abraham não morrer nas mãos de Negan, que morra até a próxima Mid-Season Finale, para aumentar ainda mais o ódio dos fãs pelo grupo dos Salvadores.

Quando finalmente o grupo de Rick foi encurralado, mostrando que o plano de Eugene havia falhado e que todo o tempo eles estavam seguindo exatamente o que os Salvadores queriam, o episódio mudou completamente de tom. Os assobios e a escuridão deixaram a cena sinistra. A comparação numérica entre os Salvadores e os Survivors deixou aquele ar de “fudeu”. Tudo começou a ficar insano e o telespectador (falo por mim) se sentiu tão encurralado quanto os nossos protagonistas. Quando o Zé do bigode (que não sei o nome e espero que morra rápido) colocou Rick de joelhos, vimos ali o quão assustador tudo iria se tornar. Rick, que sempre foi um personagem imbatível, posto de joelhos por um “zé ninguém” que nem lembro de terem citado seu nome. Totalmente sem ação, o líder de Alexandria que demonstrou sua força nos episódios anteriores, agora estava humilhado e desarmado perante aquele que marcará a história da série para sempre.

Então, eis que ele surge em meio às sombras. Jeffrey Dean Morgan estava impecável em sua caracterização, sendo minha única observação o fato dele ter barba, que me incomodou no início, pois o Negan da HQ não tem, mas isso não importa. Jeffrey com aquela jaqueta super estilosa e Lucille à tira colo se apresentou de forma fantástica, com o discurso que parecia ter sido tirado perfeitamente da HQ. Neste momento eu me sentei no sofá, com um cubo de gelo dentro da barriga. A tensão já sufocava e a cada palavra do novo psicótico vilão eu me sentia mais acuado, assim como os personagens principais. Estávamos todos de joelhos, impotentes, com a certeza de que um deles iria morrer de forma brutal e o poderoso Rick não poderia fazer nada. Vemos Daryl detonado, sem forças para reagir. Rosita em frangalhos, totalmente em choque. Carl totalmente frio, o que foi perfeito. A interação de Negan com Carl foi demais e para quem lê a Hq, sabe que aquilo ali é o começo de algo muito foda. Sem falar na brilhante atuação do ator Andrew Lincoln, que foi fantástico demonstrando todas as emoções de Rick naquele momento. Vale destacar o medo e o ódio em seu olhar. 

A interpretação de Jeffrey Dean Morgan foi formidável, não tem como reclamar. O cara mandou muito bem. Imponente, insano e engraçado. Sim, eu ri em um certo momento, quando ele fala sobre Carl ser um futuro assassino em série. Ri de tensão, um riso sem graça e assustado. Negan tem esse efeito, ele consegue ser assustador e engraçado e Jeffrey conseguiu fazer isso perfeitamente.

A tensão do episódio subia mais e mais e já me faltava o ar quando Negan começou a fazer seu “uni-duni-tê” da morte. Tudo na cena foi perfeito. A ambientação, a iluminação, os Salvadores ao fundo, a atuação dos nossos protagonistas, a expressão de impotência de Rick, o silêncio enlouquecedor ao fundo. A ausência de trilha durante o diálogo de Negan deixou tudo com um ar ainda mais aterrorizante. E quando o momento chegou, quando a escolha foi feita, nos vimos na perspectiva da vítima e foi incrível. Deu para sentir na pele o terror de estar sendo atacado pelo Negan e foi chocante. A tela ficando escura e os gritos ao fundo. O som do crânio se partindo e a dúvida de quem seria o personagem. Por fim, o som cessa e os créditos aparecem, mostrando que só saberemos quem foi morto em Outubro. Algo revoltante, mas esperto por parte dos produtores. Prenderam os fãs até o retorno da série, assim como Game of Thrones e o dilema de Jon Snow. Entretanto me pergunto se o impacto não seria maior se já soubéssemos quem morreu.

E por mais que me revolte, não posso reclamar de não saber quem morreu. A cena foi fantástica e terminei o episódio tão chocado quanto quando vi o Casamento Vermelho. Paralisado, sem ar e sem saber o que fazer. O episódio foi grandioso e épico. Sem dúvidas superou todos os episódios até então e vai entrar para a história da TV. Foi brilhante e assustador. Não me arrancou lágrimas, mas quase me fez perder o sono. E só de lembrar fico sem ar. Nem sei se sou capaz de reassisti-lo, pois ainda estou tenso. Épico, simplesmente.

Para finalizar esse texto enorme, minhas apostas continuam as mesmas, a vitima de Lucille foi ou  Glenn, ou Abraham ou o Daryl. Nessa ordem. Se for qualquer outro personagem que não estes três, tenho certeza que não irei gostar e sobretudo, não terá o mesmo impacto. Resta agora esperar pelos spoilers e especular até a série voltar. Desta vez não consigo esperar tanto e vou querer ver os spoilers, pois estou sem chão até agora. Se você também assistiu ao episódio, sinta-se à vontade para comentar ou compartilhar o texto. Venha discutir e especular. The Walking Dead volta em Outubro com a sétima season que vai englobar a primeira parte do arco “Guerra Total” da HQ. Se segurem, vai ficar ainda melhor.