Por Guilherme César
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Obviamente contém spoilers
(Avisando mesmo
que já tenha sido lançado há 20 anos)
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Depois de muitos
meses longe do blog, volto para escrever, desta vez impulsionado pela
quarentena que todos temos vivido. E graças ao isolamento e ao tempo extra,
resolvi maratonar um anime que marcou a minha infância e que neste ano de 2020
voltará a mídia com seu reboot,
DIGIMON ADVENTURE. Então, me perdoem por estar enferrujado, mas vamos ao texto.
Lançado em 1999, Digimon Adventure conta a história de
sete crianças que são transportadas de forma mágica para o Digimundo (Mundo Digital), onde conhecem seus parceiros Digimon e embarcam
em aventuras para salvar os mundos humanos e digital das forças da escuridão.
Uma premissa clichê, mas que ganhou muito destaque na época, principalmente ao
surfar na onda do seu “rival” em ascensão POKEMON. E de certo modo nota-se que
ambos possuem semelhanças, sobretudo quanto ao plot das crianças batalhando ao lado de monstrinhos fofos.
Todavia, a franquia
Digimon cresceu bastante nos anos que seguiram, apoiando-se no anime que por
sua vez tinha uma qualidade superior ao de Pokémon. Sei que este pode ser um
assunto polemico, mas é quase indiscutível que em questão de qualidade na
adaptação televisiva, Digimon supera Pokémon, ainda que o segundo seja
indiscutivelmente superior quanto aos jogos. E tem espaço no coração de todo
mundo para amar ambos. Então, saindo da questão polemica... o crescimento da
franquia dos digiescolhidos fez com que o mundo digital se ampliasse e o enredo
se expandisse. O que torna Digimon tão cativante é justamente a sua mitologia,
que hoje é bem maior do que se esperava, lá em 1999.
Pois bem, depois do
sucesso do especial finalizado em 2019 (Digimon Adventure Tri) que serve como
continuação da história clássica e conta a história dos digiescolhidos agora na
adolescência, abriu-se a porta para um reboot da franquia com a premissa de
atualizar o Digimundo e trazê-lo para o contexto atual. E é claro que, como um
fã da franquia, sobretudo das temporadas do Adventure, comprei a idéia e
assisti aos três primeiros episódios do reboot (que atualmente está em pausa
devido à pandemia) e foi tomado pela nostalgia. Ainda que bem na fase inicial,
o reboot já transparece mais maturidade e indica que vamos ter uma viagem bem
mais profunda na mitologia do mundo digital, o que por si só já me cativou. E
isso foi o suficiente para me encher de vontade de reassistir ao original de
1999, com o intuito de ter fresco na mente, toda a história original e assim
poder notar as semelhanças e melhoras no novo material.
Com isso, 20 anos
depois me peguei mergulhando de cabeça em uma aventura complemente emocional e
retornei para minha infância, sentindo arder em meu peito a vontade de ser um
digiescolhido. Acompanhar o inicio da aventura de Taichi (na versão dublada
apenas Tai) e seus amigos junto de Agumon e os demais digimons foi incrível e
claro, agora mais maduro pude entender certas reclamações dos fãs, quanto ao
enredo original.
Muitos reclamam do
extremo protagonismo de Taichi e Yamato (na versão brasileira chamado de Matt),
que são os únicos que conseguem fazer seus parceiros atingirem sua Forma
Definitiva – megaevolução. Isso faz com que os demais personagens fiquem
deixados para escanteio e mesmo que nos episódios finais eles tenham destaque,
é inevitável não querer que todos os oito Digimon atinjam sua forma mais
poderosa (o que só foi acontecer quase 20 anos depois em Adventure Tri). Sem
contar os pequenos furos e clichês que por ser uma obra voltada para as
crianças, na época passavam desapercebidos.
Contudo, o que mais
se destacou ao maratonar foi o crescimento das crianças e a força dos laços
delas com seus parceiros e entre si. É maravilhoso acompanhar tudo isso e ser
premiado com um encerramento tão emocionante, que nos força a um breve adeus,
fazendo com que todos tenham que despedir do mundo digital e dos Digimon.
Confesso que fiquei com os olhos marejados e tive que conter o choro. Eu, que
em dez dias completarei 28 anos, me emocionei muito e fiquei a ponto de chorar
com aquele final. São 54 episódios de grandes aventuras e de um enorme
desenvolvimento, onde assistimos crescer as crianças escolhidas, onde
entendemos o real valor da amizade, coragem, amor, esperanças e muitas outras
virtudes que servem de pilar para os digiescolhidos.
Ainda que seja uma
obra infantil, Digimon consegue nos passar a mensagem do peso do sacrifício, de
que é doloroso amadurecer e que unidos, sempre seremos mais fortes. E claro,
reassistir só reacendeu a chama que reside em meu peito, trazendo à tona sentimentos
que tinha quando criança. E é claro, aumentou ainda mais as minhas expectativas
para o reboot.
Digimon Adventure
2020 chega no momento certo, afinal vivemos em uma era em que a tecnologia e a
internet são essenciais, o que torna muito mais fácil entender o contexto do
Mundo Digital. Trazer enredo da franquia
para os tempos atuais abre um leque de possibilidades, onde poderemos nos
aprofundar mais nos conceitos formadores do Digimundo e expandir ainda mais a
mitologia da série. Visto que depois de 20 anos sabe-se muito mais a respeito
das criaturas digitais e da estrutura de seu mundo, agora tem-se a oportunidade
de canonizar e solidificar toda essa essência, usando como protagonista as
Crianças Escolhidas da temporada mais aclamada. E ainda, com a aparição das
Formas Definitivas dos demais Digimon, abre-se espaço que eles apareçam antes
na história, ainda nas aventuras da infância dos digiescolhidos.
Por fim, não
podemos esquecer que atualmente a qualidade dos roteiros e das animações
melhorou exponencialmente, o que faz com que sejamos presenteados com batalhas
mais bem produzidas e coreografadas, enredos mais dramáticos e maduros e mais
profundidade aos personagens. Digimon Adventure 2020 carrega a nostalgia dos
fãs unida com a esperança e a oportunidade de melhorar aquilo que já era
emocionante. Sem dúvidas, esse reboot promete!
E assim termino minha
maratona feliz, emocionado e com aquele quentinho no coração, feito pela
vontade de querer ser um digiescolhido e da expectativa de poder continuar me
aventurando no digimundo ao lado de Tai e seus amigos, neste reboot. E é claro,
logo mais começo a maratona de Adventure 02, a continuação do clássico, lançada
em 2000 e sequência direta da primeira temporada. Afinal, nada melhor para
esperar o novo, do que relembrar o velho, revivendo boas lembranças.
Obrigado, Digimon,
por alegrar minha infância e me mostrar que minha criança interior ainda reside
aqui!
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