--------------- SEM SPOILERS ---------------
Em
2016 estreou uma grande produção da HBO que tinha a ambição de se tornar a nova
Game of Thrones. Tendo em vista o
final de Game of Thrones marcado para
2019, o canal ansiava por uma futura substituta, como diziam os rumores, até
que surgiu Westworld. Grandiosa em todos os sentidos, a série tinha
um orçamento astronômico, grandes atores e uma equipe de peso, além de uma
premissa interessante baseada num filme homônimo de da década de 70. Confesso
que fiquei tentado a assisti-la de imediato, mas acabei postergando e só pude
vê-la de fato agora, dois anos depois, nas vésperas da estreia de sua segunda
temporada. Se me arrependo? Muito, eu diria. Evitando colocar spoilers aqui, direi à seguir um pouco
do porquê recomendo essa série que me arrependi de adiar.
Westworld é um parque super tecnológico
chefiado pela empresa Delos, onde
você pode viver um sonho no Velho Oeste. Neste parque existem os Anfitriões,
que são androids incrivelmente
realistas que vivem num loop de suas histórias, seguindo um roteiro
pré-determinado pelos administradores do local. Estes robôs estão ali para lhe
servir e são incapazes de ferir seres humanos. Os ricos humanos que desfrutam
dos prazeres do parque podem agir como quiserem, “jogando” as diferentes
narrativas ali presentes, vivendo como cowboys, lutando contra índios, jogando poker em Salon’s, sendo quem quiserem ser. Contudo, a maioria gosta de ser
tudo aquilo que não pode ser no mundo real, bebendo desenfreadamente, roubando
e devastando vilarejos, matando e estuprando anfitriões, afinal em Westworld não existe consequências. Ou
pelo menos essa é a ideia.
Como
citei acima, a série tem nomes de peso, desde seus criadores até seus atores.
Jonathan Nolan (irmão do diretor Christopher Nolan) junto de sua esposa Lisa
Joy roteirizam e também são os responsáveis pelo desenvolvimento da série,
garantindo um roteiro incrivelmente redondo e fechado, amarrando as pontas
soltas e trazendo reviravoltas sensacionais nos episódios finais. Dentre os
ótimos atores estão Anthony Hopkins, Ed Harris, Tessa Thompson e Rodrigo
Santoro, e muitas outras caras conhecidas, um elenco de peso, sem dúvidas. Além
do mítico J.J. Abrams como produtor executivo.
Nos
quesitos fotografia e efeitos especiais a série também é incrível, conseguindo
deixar qualquer um de queixo caído. Não podemos também esquecer da excelente
trilha sonora, marcante do inicio ao fim, ditando o tom da trama e claro dos
figurinos muito bem feitos que contribuem para a imersão completa naquele
mundo. Visualmente é belíssima, com a fotografia sendo primordial para separar
o mundo real e tecnológico do sonho realista vivido no parque. Destaque para a
abertura que é muito legal.
Além
de ser muito bem produzida e das atuações incríveis, principalmente dos atores
que fazem os robôs, o que mais gostei em Westworld
foram os plot twists. Sem me
aprofundar muito para não correr o risco de estragar a sua experiência, posso
dizer que a série me ganhou completamente nos últimos quatro episódios. No inicio
a narrativa cheia de mistérios e o mundo estonteante são o suficiente para te
prender, com várias questões sendo levantadas e um clima de suspense
instigante. Porém, nos primeiros episódios a série caminha de forma lenta,
apresentando núcleos e nos guiando pelo parque. E, meu caro leitor, isso não é
nada ruim, é justamente nesse ponto que os personagens são aprofundados e a partir
do episodio cinco tudo começa a mudar drasticamente. São várias reviravoltas,
você chega a ficar perdido, sem saber mais em quem acreditar e para quem
torcer. As nuances dos personagens e a forma com que a história vai se
amarrando é de perder o ar. Uma das melhores reviravoltas está com o personagem
chamado William, que me surpreendeu completamente. E são essas surpresas que
tornam a produção da HBO tão marcante.
Não
esquecendo, em seu enredo a série mostra como a busca pelo autoconhecimento nos
transforma e que quanto mais fundo adentramos em nós mesmos, mais difícil será
voltar depois. Além do fato de que vemos como os humanos se comportam em um
mundo onde são totalmente livres de remorso e livres das consequências, vendo o
lado mais vil e nojento da humanidade, que anseia por poder quebrar as regras e
liberar seu demônio interior sem medo de ser julgado. E me arrisco a dizer que
esta é uma série sobre o comportamento humano.
Em
alguns momentos senti o mesmo clima de Lost
e Fringe séries maravilhosas criadas por J.J. Abrams, que instigavam
os expectadores a criarem teorias. Westworld
tem essa essência, te deixando sem ar com as reviravoltas e explodindo cabeças
com seu desfecho.
Outro ponto que vale destacar
para você, leitor, que se interesse em assistir, é que é uma série visualmente
pesada, com cenas de sexo, muita violência e nudez total. Logo, não assista com
a sua família (haha). Mas nada disso é gratuito, sendo cada cena de nudez tendo
contexto na trama, principalmente envolvendo os robôs.
Sem
dúvida alguma é uma série que vale a pena maratonar e que marcará os próximos
anos. Com apenas dez episódios, dá pra ser vista em um dia, sendo sua segunda
temporada marcada para estrear em 22 de abril deste ano (daqui dez dias). Muito
bem produzida, com atuações fantásticas, um roteiro de bater palmas e uma pretensão
de cinco temporadas, Westworld pode
sim cumprir a sua ambição de substituir com louvar a nossa amada GoT.
Assista e se
surpreenda!
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