quinta-feira, 12 de abril de 2018

[Dica de série] Westworld: Prazeres violentos têm finais violentos

Por Guilherme César

---------------  SEM SPOILERS ---------------


                Em 2016 estreou uma grande produção da HBO que tinha a ambição de se tornar a nova Game of Thrones. Tendo em vista o final de Game of Thrones marcado para 2019, o canal ansiava por uma futura substituta, como diziam os rumores, até que surgiu Westworld.  Grandiosa em todos os sentidos, a série tinha um orçamento astronômico, grandes atores e uma equipe de peso, além de uma premissa interessante baseada num filme homônimo de da década de 70. Confesso que fiquei tentado a assisti-la de imediato, mas acabei postergando e só pude vê-la de fato agora, dois anos depois, nas vésperas da estreia de sua segunda temporada. Se me arrependo? Muito, eu diria. Evitando colocar spoilers aqui, direi à seguir um pouco do porquê recomendo essa série que me arrependi de adiar.
             

   


          Westworld é um parque super tecnológico chefiado pela empresa Delos, onde você pode viver um sonho no Velho Oeste. Neste parque existem os Anfitriões, que são androids incrivelmente realistas que vivem num loop de suas histórias, seguindo um roteiro pré-determinado pelos administradores do local. Estes robôs estão ali para lhe servir e são incapazes de ferir seres humanos. Os ricos humanos que desfrutam dos prazeres do parque podem agir como quiserem, “jogando” as diferentes narrativas ali presentes, vivendo como cowboys, lutando contra índios, jogando poker em Salon’s, sendo quem quiserem ser. Contudo, a maioria gosta de ser tudo aquilo que não pode ser no mundo real, bebendo desenfreadamente, roubando e devastando vilarejos, matando e estuprando anfitriões, afinal em Westworld não existe consequências. Ou pelo menos essa é a ideia.
           
     O enredo nos apresenta a vários anfitriões que vivem suas rotinas à mercê dos visitantes e também aos humanos que frequentam e trabalham no parque. Não existe um só protagonista, da mesma forma que não existe um vilão e um herói. Os personagens tem vários tons, indo de vítimas à carrascos e mostrando que ninguém é 100% bom ou ruim. Esse fator, presente em muitas tramas atuais, aproxima o espectador da história, trazendo um pouco de realidade aos personagens, além de aprofundar em sua personalidade. Personagens estes que são muito bem trabalhados e desenvolvidos durante o decorrer dos episódios. É nítida a mudança e a evolução de todos eles, sobretudo dos Anfitriões.
                Como citei acima, a série tem nomes de peso, desde seus criadores até seus atores. Jonathan Nolan (irmão do diretor Christopher Nolan) junto de sua esposa Lisa Joy roteirizam e também são os responsáveis pelo desenvolvimento da série, garantindo um roteiro incrivelmente redondo e fechado, amarrando as pontas soltas e trazendo reviravoltas sensacionais nos episódios finais. Dentre os ótimos atores estão Anthony Hopkins, Ed Harris, Tessa Thompson e Rodrigo Santoro, e muitas outras caras conhecidas, um elenco de peso, sem dúvidas. Além do mítico J.J. Abrams como produtor executivo.
                Nos quesitos fotografia e efeitos especiais a série também é incrível, conseguindo deixar qualquer um de queixo caído. Não podemos também esquecer da excelente trilha sonora, marcante do inicio ao fim, ditando o tom da trama e claro dos figurinos muito bem feitos que contribuem para a imersão completa naquele mundo. Visualmente é belíssima, com a fotografia sendo primordial para separar o mundo real e tecnológico do sonho realista vivido no parque. Destaque para a abertura que é muito legal.

                Além de ser muito bem produzida e das atuações incríveis, principalmente dos atores que fazem os robôs, o que mais gostei em Westworld foram os plot twists. Sem me aprofundar muito para não correr o risco de estragar a sua experiência, posso dizer que a série me ganhou completamente nos últimos quatro episódios. No inicio a narrativa cheia de mistérios e o mundo estonteante são o suficiente para te prender, com várias questões sendo levantadas e um clima de suspense instigante. Porém, nos primeiros episódios a série caminha de forma lenta, apresentando núcleos e nos guiando pelo parque. E, meu caro leitor, isso não é nada ruim, é justamente nesse ponto que os personagens são aprofundados e a partir do episodio cinco tudo começa a mudar drasticamente. São várias reviravoltas, você chega a ficar perdido, sem saber mais em quem acreditar e para quem torcer. As nuances dos personagens e a forma com que a história vai se amarrando é de perder o ar. Uma das melhores reviravoltas está com o personagem chamado William, que me surpreendeu completamente. E são essas surpresas que tornam a produção da HBO tão marcante.
                Não esquecendo, em seu enredo a série mostra como a busca pelo autoconhecimento nos transforma e que quanto mais fundo adentramos em nós mesmos, mais difícil será voltar depois. Além do fato de que vemos como os humanos se comportam em um mundo onde são totalmente livres de remorso e livres das consequências, vendo o lado mais vil e nojento da humanidade, que anseia por poder quebrar as regras e liberar seu demônio interior sem medo de ser julgado. E me arrisco a dizer que esta é uma série sobre o comportamento humano.

                Em alguns momentos senti o mesmo clima de Lost  e Fringe séries maravilhosas criadas por J.J. Abrams, que instigavam os expectadores a criarem teorias. Westworld tem essa essência, te deixando sem ar com as reviravoltas e explodindo cabeças com seu desfecho.
                Outro ponto que vale destacar para você, leitor, que se interesse em assistir, é que é uma série visualmente pesada, com cenas de sexo, muita violência e nudez total. Logo, não assista com a sua família (haha). Mas nada disso é gratuito, sendo cada cena de nudez tendo contexto na trama, principalmente envolvendo os robôs.
                Sem dúvida alguma é uma série que vale a pena maratonar e que marcará os próximos anos. Com apenas dez episódios, dá pra ser vista em um dia, sendo sua segunda temporada marcada para estrear em 22 de abril deste ano (daqui dez dias). Muito bem produzida, com atuações fantásticas, um roteiro de bater palmas e uma pretensão de cinco temporadas, Westworld pode sim cumprir a sua ambição de substituir com louvar a nossa amada GoT.
                Assista e se surpreenda!



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