Por Guilherme César/ Anjo Negro
Faz tempos que
não paro e me dedico a escrever. Meu blog, minha página e meu amor por escrever
têm sido esquecidos. Confesso que muitas vezes achei que tivesse perdido o dom,
ou então o amor que sentia por escrever.
Hoje decidi
retornar, ao acaso, até minha página de textos e então fui ler alguns dos
poemas antigos. Ali encontrei uma porção de intensos sentimentos, que como
mágica, consegui preservar. Confirmei então o motivo que me fazia escrever e o porquê
de ficar tempos sem conseguir fazê-lo. Não, nunca foi falta de inspiração ou
habilidade, nem ao menos dedicação. No fim, era apenas a falta da combinação de
sentimentos certos, mais precisamente, do excesso deles.
Todas as vezes
que escrevi, fosse o meu livro, meu conto ou meus poemas, era por estar sobrecarregado
de sentimentos que não conseguia suportar. Sem saber como dar vazão àquilo tudo
acabei por começar a passar para o papel o que no meu peito não cabia mais.
Quando a
realidade me machucava, me fazia perder as esperanças, nasceu o mundo onde se
passa a história do meu livro. Ali, fiz meu refúgio, ali me encontrei. Quando a
tristeza me sufocava, ou até mesmo o amor explodia em meu coração, era em meus
poemas que eles encontravam seu caminho e o alívio vinha de imediato.
Escrevi lindos
poemas sobre meu sofrimento, sobre meus falsos amores não-correspondidos e até
sobre as ilusões que meu coração haviam partido. Escrevi sobre meu verdadeiro
amor, sobre a menina do sorriso bonito que meu coração curou. Ela é minha musa,
isso é um fato. Mas não é só a dor ou o verdadeiro amor que me tornaram um
escritor.
Agora, ao reler
alguns destes poemas, percebo que só estou de pé até hoje por causa do meu amor
por escrever. A escrita foi a minha salvação, o meu ponto de apoio, a minha
bengala. Sem ela eu caminhava a passos tortos em direção à insanidade e muitas
vezes, me encontrava encurralado e deprimido, quase como preso dentro de um
espelho. Assistindo o mundo seguir sem mim, sem ao menos me notarem.
Já me elogiaram
muito por meus textos, dizem que escrevo bem. Acontece que isso nunca se tratou
de escrever ou não de maneira correta ou com facilidade. Meu verdadeiro dom não
é colocar as letras certas, nos lugares certos. Meu dom é o de conseguir passar
com maestria o que me aflige para o papel. Meus excessos, e sou repleto deles,
é que escoam pelos dedos e terminam em meus textos. Sou intenso, não posso
negar, e passei anos guardando para mim sentimentos que tinha medo de mostrar
para o mundo. Esses sentimentos em excesso quase me destruíram e a escrita me
salvou. Brincar de ser poeta foi o que finalmente aliviou a pressão.
Então, agora, se
me elogiarem, não será por colocar as palavras em seus devidos lugares, será
por simplesmente conseguir fazer com que quem lê, leia mais que palavras, leia
parte de mim. Minha alma está espalhada nesses textos e é ela que os torna
belos, ou repugnantes, como preferir. E toda vez que eu duvidar de quem eu sou,
posso vir aqui e reler este texto, e me lembrar que sou um escritor e não dá para
negar. Não escrevo por amor, não escrevo pela dor. Escrevo para minha alma
aliviar. Escrevo para o meu coração acalmar. Pois o garoto tímido que eu fui,
descobriu que a forma mais fácil de não enlouquecer, é se confidenciar com uma
folha em branco, despejando ali seus prantos, encantos, sonhos sentimentos. Sobrevivendo a cada verso e quem
sabe assim, me tornando verdadeiramente imortal.
As palavras em uma folha, servem para crescer a mente, os sentimentos na mesma cresce a alma.
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