domingo, 31 de janeiro de 2016

[CRÔNICA] E se escrevo, é por amar, ou por chorar?

Por Guilherme César/ Anjo Negro





Faz tempos que não paro e me dedico a escrever. Meu blog, minha página e meu amor por escrever têm sido esquecidos. Confesso que muitas vezes achei que tivesse perdido o dom, ou então o amor que sentia por escrever.

Hoje decidi retornar, ao acaso, até minha página de textos e então fui ler alguns dos poemas antigos. Ali encontrei uma porção de intensos sentimentos, que como mágica, consegui preservar. Confirmei então o motivo que me fazia escrever e o porquê de ficar tempos sem conseguir fazê-lo. Não, nunca foi falta de inspiração ou habilidade, nem ao menos dedicação. No fim, era apenas a falta da combinação de sentimentos certos, mais precisamente, do excesso deles.
Todas as vezes que escrevi, fosse o meu livro, meu conto ou meus poemas, era por estar sobrecarregado de sentimentos que não conseguia suportar. Sem saber como dar vazão àquilo tudo acabei por começar a passar para o papel o que no meu peito não cabia mais.
Quando a realidade me machucava, me fazia perder as esperanças, nasceu o mundo onde se passa a história do meu livro. Ali, fiz meu refúgio, ali me encontrei. Quando a tristeza me sufocava, ou até mesmo o amor explodia em meu coração, era em meus poemas que eles encontravam seu caminho e o alívio vinha de imediato.
Escrevi lindos poemas sobre meu sofrimento, sobre meus falsos amores não-correspondidos e até sobre as ilusões que meu coração haviam partido. Escrevi sobre meu verdadeiro amor, sobre a menina do sorriso bonito que meu coração curou. Ela é minha musa, isso é um fato. Mas não é só a dor ou o verdadeiro amor que me tornaram um escritor.
Agora, ao reler alguns destes poemas, percebo que só estou de pé até hoje por causa do meu amor por escrever. A escrita foi a minha salvação, o meu ponto de apoio, a minha bengala. Sem ela eu caminhava a passos tortos em direção à insanidade e muitas vezes, me encontrava encurralado e deprimido, quase como preso dentro de um espelho. Assistindo o mundo seguir sem mim, sem ao menos me notarem.
Já me elogiaram muito por meus textos, dizem que escrevo bem. Acontece que isso nunca se tratou de escrever ou não de maneira correta ou com facilidade. Meu verdadeiro dom não é colocar as letras certas, nos lugares certos. Meu dom é o de conseguir passar com maestria o que me aflige para o papel. Meus excessos, e sou repleto deles, é que escoam pelos dedos e terminam em meus textos. Sou intenso, não posso negar, e passei anos guardando para mim sentimentos que tinha medo de mostrar para o mundo. Esses sentimentos em excesso quase me destruíram e a escrita me salvou. Brincar de ser poeta foi o que finalmente aliviou a pressão.
Então, agora, se me elogiarem, não será por colocar as palavras em seus devidos lugares, será por simplesmente conseguir fazer com que quem lê, leia mais que palavras, leia parte de mim. Minha alma está espalhada nesses textos e é ela que os torna belos, ou repugnantes, como preferir. E toda vez que eu duvidar de quem eu sou, posso vir aqui e reler este texto, e me lembrar que sou um escritor e não dá para negar. Não escrevo por amor, não escrevo pela dor. Escrevo para minha alma aliviar. Escrevo para o meu coração acalmar. Pois o garoto tímido que eu fui, descobriu que a forma mais fácil de não enlouquecer, é se confidenciar com uma folha em branco, despejando ali seus prantos, encantos, sonhos  sentimentos. Sobrevivendo a cada verso e quem sabe assim, me tornando verdadeiramente imortal.




Um comentário:

  1. As palavras em uma folha, servem para crescer a mente, os sentimentos na mesma cresce a alma.

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