Por
Guilherme César
Como sempre, aquele papo de domingo com
os amigos somado a um bom texto e algumas experiências pode render uma vontade
irresistível de escrever. Não só isso, a inspiração vem junto com bons momentos
de reflexão e uma análise fria sobre o que nos cerca. Desta vez, eis que o
assunto é o vácuo nosso de cada dia, o típico desinteresse e a insegurança
dessa geração hiperconectada e assustadoramente fria. Antes de começar de fato,
gostaria de deixar claro que a minha função aqui não é fazer um texto de
autoajuda, nem mesmo criar rótulos, determinar cientificamente os erros dessa
geração, ou coisas do tipo. Aqui, nessas linhas deixarei a minha reflexão, com
base no que vi, vivi e senti. Se você concorda, ótimo! Se você se identifica,
meus pêsames! Se discorda, vá em frente! No mais, senta, que o devaneio será
longo...
Meu amigo leitor, minha cara leitora, mesmo
que você seja o clone do Brad Pitt, ou a irmã gêmea perdida da Scarllet
Johansson, posso afirmar que em algum pequeno momento de sua vida, você foi
ignorado (a) por quem estava querendo conquistar! Se você não foi, parabéns,
diferentão (ou diferentona), você não sofreu algo tão doloroso como o vácuo.
Aquela mensagem carinhosa que você envia no meio de uma tarde para seu affair e
que, estranhamente, a pessoa visualiza e não te responde, pode doer mais do que
um tiro à queima roupa. E infelizmente isso é comum. Muitos gurus do amor dirão
que a pessoa está apenas se fazendo de difícil, eu já acho que ele (ela) não
está a fim de você. E se realmente está se fazendo de difícil, corre para bem
longe dessa pessoa, amigo. A vida já é repleta de problemas e dilemas para se
unir a alguém que exalta a famosa glicose anal, é o típico ou soma, ou some.
Durante um bom tempo a sociedade
estampou para quem quisesse e quem não quisesse ver que “se fazer de difícil”,
se “valorizar” lhe caracterizava como uma pessoa boa, integra e que é para
casar. Se fazer de difícil faz com que você seja disputada (o), tenha uma boa
reputação, seja bem vista (o) pela sociedade. Grande merda! Fazer cú doce não
lhe deixará mais interessante, te fará mais esnobe. Ser difícil de se
conquistar não é o mesmo que ter caráter, não é realmente se valorizar. Se
valorizar é justamente não mandar 300 mensagens para aquela pessoa que nunca te
responde. Se valorizar é perceber que se a pessoa visualizou e não respondeu,
ela não serve. Você não precisa ficar com 30 pessoas em uma festa, mas também
não precisa ignorar todos os “Oi” do inbox. E o primeiro ponto a se considerar
é esse, a geração atual, e parte da passada, tem vivido no eterno “ou 8, ou 80”
sem nem ao menos perceber o quanto isso é toxico para todos nós.
Se você, menina, sonha em conhecer
alguém legal, mas se recusa a deixar qualquer pessoa se aproximar, você
continuará apenas sonhando. E se você, amigo, acha que vai pegar todas na
balada e na sorte, como se fosse o Faustão naqueles sorteios, vai agarrar um
dos cupons no ar e ele será o premiado, você pode estar enganado. E isso vale
para todo mundo. Talvez, o cara do “oi” no Facebook, pode ser legal, ou pode
ser um otário, mas você só saberá se der a chance para ele passar do “oi”. Da
mesma forma, aquela menina que você transou e no dia seguinte não ligou de
volta, pode ser, meu caro, a mulher da sua vida. E o oposto também vale, tanto
para homens, quanto para mulheres.
Temos um cenário bastante caótico, em
que uma decepção traumatiza tanto essa geração que eles entram em pânico quando
aparece uma nova chance. É tanto medo de se iludir que ninguém se apega, que
ninguém dá atenção. Todo mundo se pega, todo mundo se diverte, mas pouquíssimas
pessoas amam. Pois poucas pessoas tem coragem para isso.
A palavra reciprocidade é grande demais
para os corações pequenos que nos rondam. É muito crush para pouca coragem de
se declarar. É muito medo de levar um fora, para pouca coragem de arriscar um
“eu te amo”. E quando ouvem essa frasesinha mágica de três palavras sai, ela
assusta, ela faz a pessoa se afastar, ela é desacreditada. Pois tem tanta gente
com medo de sofrer, que poucas conseguem acreditar que o amor pode ser real. E
assim o amor morre.
E muitas vezes, morre antes de sequer
começar, antes da semente sequer ser plantada. Morre ali, na “mensagem
visualizada as 19h20”, morre ali no “online há 5min”. A geração tumblr deixou
claro que amar doí e todo mundo ficou com medo disso. A geração 8 ou 80 gosta
de ser intensa, mas não sabe amar com intensidade. E os que amam, sofrem com a
falta de reciprocidade. É muito medo de se apegar, para pouca vontade de se
jogar. E, novamente meu amigo leitor, amar é se jogar. Cair de peito aberto,
seja no raso, no profundo, no abismo. Amar é ir fundo, mesmo que não exista
profundidade. Amor não mata, desilusão não mata, o que mata é desistir.
Desistir de tentar amar, por medo de sofrer. Desistir de viver por causa de uma
desilusão. É mais bonito ser “sad”, é mais bonito cultivar uma vida em preto e
branco, fantasiar com o crush que te ama apenas dentro da sua mente, do que
arriscar ir atrás dele ou deixar outras pessoas se aproximarem.
Vejo tantas pessoas surgindo do nada,
atraindo as outras como moscas e puft, sumindo sem deixar rastros. Essas
pessoas, que em um dia juram amor eterno e no dia seguinte te excluem das redes
sociais, elas reforçam o medo dessa geração de se apegar. Pedófilos,
estupradores e pessoas que amam partir corações, são esses os seres que fazem com
que todos tenham medo de amar. Como vou me apaixonar por alguém se do outro
lado pode ter um maníaco que vende órgãos? Como vou me apaixonar se ao invés de
vender meu coração, ele apenas o quebre? Não, não estou dizendo para você se
apegar no primeiro instante a alguém que de inicio parece se encantadora, mas
que todos os seus amigos acham que é um serial killer. Estou dizendo para que
você se permita conhecer, se permita responder uma mensagem sem antes julgar
alguém e ignorá-la, que tenha bom senso.
Eu, na minha adolescência (não muitos
anos atrás), passei por ambos os extremos. Já fui o cara tímido que manda o
“oi”, na esperança de começar uma conversa legal, e já fui o cara “sad” que só
fica off-line, com medo de uma nova desilusão. Contudo, em ambas as fases, eu
preferi aprender com os meus erros ao invés de desistir. Aprendi que nem todo
mundo vai querer conversar com você, pois sua foto de perfil pode não lhe
agradar, ou porque pessoalmente você não se enquadra na lista de mais de 50
itens de “como deve ser o príncipe encantado”. Aprendi também que muita gente
quer apenas alguém para servir como estepe emocional. Muitos querem apenas
alguém para receber carinho, enquanto elas amam outro alguém que não lhes
valoriza. Ou querem alguém só por uma noite, para aquecer seu corpo e depois ir
embora antes do café da manhã. Aprendi que muitas pessoas tem tanto medo de
sofrer que não dão oportunidade para outra pessoa lhes fazer feliz. E aprendi
que muitos temem a intensidade. Muitos se assustam com a coragem de quem não
teme amar.
Acho que essa é a maior contradição que
já vi. Muitas pessoas sonham em encontrar sua alma gêmea, mas se alguém apaixonado
aparece, elas fogem com medo. Amar intensamente, nessa geração de desinteresse,
te torna uma aberração. Amar e demonstrar amor lhe torna louco. Afinal, qual a
lógica de se declarar publicamente se seu namoro pode acabar amanhã? Amigo, a
lógica que vivemos o HOJE e hoje devemos amar, pois o amor eterno depende de
nós para ser eterno. E se um amor acaba, que pelo menos tenhamos a consciência
que amamos com todas as nossas forças e que sim, nosso coração partido pode ser
remendado quantas vezes for partido.
Então, se você é do tipo que tem medo de
se apegar, ou é do tipo que gosta de ignorar, pare! Sua situação nunca mudará
se você não se permitir viver, se você não se permitir sofrer. Mas não exagere
insistindo em alguém que não te quer. Se ele(a) visualizou e não respondeu,
siga em frente, CONTINUE A NADAR! Dê atenção para quem te retribui atenção,
busque a reciprocidade do seu sentimento, tenha carinho por quem tem carinho
por você. O medo nos impede de sermos felizes, mas também nos impedimos de
sermos felizes quando não focamos em algo reciproco. Se permita amar.
Claro, se for amar, ame com todas as
suas forças. Declare-se, dê boa noite, bom dia, diga que ama. Não tenha medo de
sofrer. Poste fotos, faça poemas, cante! Ande na chuva de mãos dadas, viva os
clichês. Viva o seu amor. Faça-o ser eterno e se não for, pelo menos terá
aproveitado cada segundo como se fosse o último. Seja diferente, não seja frio!
Pessoas que adoram exaltar seu coração frio no fundo sofreram demais ou tem
muito medo de sofrer. Não seja covarde, ame. Não seja esnobe, visualize e
responda. E acima de tudo, seja claro. Se não for se apegar, deixe isso claro
logo no inicio. Se não quer um amor, deixe isso claro. Mas se for amar, ame com
o coração, com a alma. Afinal, nada mais deprimente que uma geração com pânico
de ser feliz.
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